quarta-feira, 1 de junho de 2011

"Mortes, tensão e reação"

Capa do Jornal do Commercio de 30 de maio de 2011 (segunda-feira): “Mortes, tensão e reação”. Diante dessa manchete, o único sentimento que consigo demonstrar é de revolta, pois até quando vidas e mais vidas serão sacrificadas por defender o meio ambiente? Por defender o que é nosso, de direito? Por brigar e querer preservar um tesouro nacional, que o Brasil diz “é nosso, é nosso, é nosso”, mas não faz nada, de fato, pra ter jus a esse patrimônio?

Agora, que já temos quatro mortes em menos de uma semana, o Governo decide fazer reunião urgente para tratar de fiscalização, desmatamento e blá blá blá. Quanta hipocrisia! Se realmente se importassem com o meio ambiente, com a qualidade de vida da população, com o futuro da nação e com a vida de quem defende o “nosso Verde”, já teria implementado políticas de fiscalização e preservação ao meio ambiente, e teria trabalhado para que elas saíssem do papel e tivessem eficácia na prática. Mas tiveram que esperar a morte de mais inocentes, que só estavam defendendo uma “herança” dos seus filhos e netos, para agir. Mesmo assim me pergunto: “Será que essas mortes não foram em vão?” Pelo visto sim, pois o motivo da luta desses inocentes está prestes a desaparecer, se o desmatamento continuar na medida em que está. E ao que tudo indica, a história vai se repetir, pois quem se preocupa com o meio ambiente e desaprova o desmatamento da forma que ele se impõe nos dias atuais, não fica a ponto de aprovar o Novo Código Florestal, que traz propostas sem um mínimo de consciência ambiental. Como houve muita repercussão, “vamos fingir que tampamos o buraco” e quando tudo se acalmar, o povo esquece, é assim que pensa o Governo. É,e esse é o único ponto em que o Governo acerta, porque “o povo realmente esquece”, e aí consiste a nossa parcela de culpa, por sermos acomodados e não lutarmos por aquilo a que temos direito, por falarmos muito e agirmos pouco, por reclamarmos sentados e não abraçarmos a causa. E desse nosso comodismo, surge outra questão: será que a privatização da Amazônia e das áreas florestais seria tão ruim assim?

A gente sabe que tudo isso vai ser momentâneo, que quando a poeira baixar, o desmatamento vai continuar desenfreado e o Governo vai continuar fingindo que está tudo bem. E eu, brasileira que sou – por isso não desisto nunca –, sinceramente, espero estar errada e ver que o povo tinha razão quando depositou seu voto em Dilma, e que o Governo não esteja fazendo só mais um “tampa buraco”.

Mas diante de tudo isso, a reforma agrária, o Novo Código Florestal, a privatização da Amazônia e a fiscalização nas áreas florestais e áreas afins, tudo isso deve ser repensado, e rápido, para que não haja mais mortes em vão.

By Jéssica Souza


Nenhum comentário:

Postar um comentário